Amma e Yurugu: caos e equilíbrio na história Dogon

Imagem
Introdução Por que o mundo é como é? Por que a ordem e o caos parecem caminhar lado a lado desde sempre?  Para o povo Dogon , do Mali , essas perguntas não são meras abstrações filosóficas — elas são respondidas por uma história ancestral que atravessa gerações.  No centro dessa narrativa estão duas figuras fundamentais: Amma , o princípio criador, e Yurugu (também chamado de Ogo ), a entidade da incompletude e da desordem.  Longe de serem apenas personagens simbólicos, eles representam forças reais e atuantes na construção e no funcionamento do universo.  A tradição Dogon não apresenta uma visão maniqueísta do mundo.  Em vez disso, oferece uma leitura complexa, onde o desequilíbrio não é um erro, mas uma parte inevitável do processo cósmico.  Este artigo mergulha na história de Amma e Yurugu , explorando suas ações, consequências e o que elas revelam sobre a visão Dogon da existência. Segundo os Dogon , Yurugu vagaria eternamente pelo cosmos em busca...

A Criação do Homem Segundo a Mitologia Hindu

INTRODUÇÃO


A mitologia hindu é uma das tradições mais ricas e antigas do mundo, carregada de símbolos, ensinamentos e múltiplas visões da realidade. 

Seus textos sagrados, como os Vedas, o Mahabharata e o Ramayana, apresentam várias narrativas sobre a origem da humanidade. 

Diferente de culturas que possuem apenas uma versão da criação, no hinduísmo encontramos múltiplas histórias que refletem sua profundidade espiritual e diversidade filosófica. 

Entre essas narrativas, quatro se destacam: a criação por Brahma, o sacrifício de Purusha, a linhagem de Manu e a ação de Prajapati.



Representação artística da mitologia hindu com Brahma, Shiva, Vishnu e Ganesha e Manu em meditação, com círculo simbólico ao fundo
Ilustração da tradição hindu mostrando Brahma, Shiva, Vishnu e Ganesha ao redor de Manu, o primeiro homem, em pose meditativa. Um círculo com símbolos como a flor de lótus compõe o fundo da cena.



A CRIAÇÃO DE BRAHMA


Brahma é o deus criador dentro da Trimurti (trindade hindu), ao lado de Vishnu e Shiva

Segundo muitas tradições, Brahma nasceu de um Lótus que brotou do umbigo de Vishnu, símbolo de pureza e conexão cósmica. 

A partir do seu poder de pensamento e palavra, ele moldou o Céu, a Terra, os deuses, os demônios e, por fim, os homens

O ser humano seria reflexo direto de sua essência criadora, carregando em si a centelha divina que dá forma à existência. 

Essa narrativa enaltece Brahma como a mente cósmica que organiza o caos e transforma o vazio em vida. 

É importante destacar que, apesar de em algumas tradições Manu ser descrito como descendente de Brahma, aqui temos uma versão distinta, que apresenta a criação do homem diretamente pelas mãos do próprio deus criador.


O SACRIFICIO CÓSMICO DE PURUSHA


Nos hinos védicos encontramos o Purusha Sukta, que descreve o sacrifício do ser primordial chamado Purusha

Ele era imenso, cósmico, transcendia o tempo e o espaço. 

Os deuses realizaram um sacrifício divino com seu corpo, e dele nasceu tudo o que existe: a lua de sua mente, o sol de seus olhos, o vento de seu sopro e a terra de seus pés. 

Dos fragmentos de seu corpo também surgiram os homens, sendo que cada parte de Purusha originou uma classe social (Varna): os Brahmanes da boca, os guerreiros dos braços, os mercadores das pernas e os servidores dos pés. 

Essa narrativa não só explica a criação da humanidade, como também justifica a estrutura social da Índia antiga, revelando a ideia de que todo homem é parte de um corpo cósmico universal.


MANU, O PRIMEIRO HOMEM


Outra versão conta a história de Manu, considerado o primeiro ser humano e ancestral da humanidade. 

Ele é lembrado principalmente pelo episódio do grande dilúvio

A tradição afirma que Vishnu, na forma de um peixe chamado Matsya, avisou Manu sobre a destruição iminente e o orientou a construir uma grande embarcação. 

Graças a essa intervenção divina, Manu sobreviveu às águas que cobriram o mundo e, após o cataclismo, repovoou a Terra. 

Assim, ele se tornou um “Adão hindu”, ligado diretamente à origem de toda a humanidade.

Em algumas tradições, Manu é descrito como descendente de Brahma, mas aqui temos uma versão independente, onde ele aparece como sobrevivente escolhido pelos deuses para dar continuidade à vida humana. 

Sua história ecoa a de Noé, revelando um arquétipo universal de renovação após a destruição.



Representação do dilúvio na mitologia hindu com Manu em um barco e o avatar Matsya, o peixe de Vishnu, guiando-o pelas ondas
Cena mitológica do dilúvio hindu mostrando Manu em um pequeno barco, salvo por Matsya, o primeiro avatar de Vishnu, que o conduz pelas águas agitadas.



PRAJAPATI, O SENHOR DAS CRIATURAS


O nome Prajapati significa “Senhor Das Criaturas”, e sua presença na mitologia hindu remonta a tempos muito antigos. 

Ele é descrito de formas variadas: ora como uma manifestação de Brahma, ora como um princípio cósmico independente. 

Em algumas versões, Prajapati criou os homens a partir do seu próprio sacrifício, derramando energia vital para que a vida pudesse nascer. 

Em outras, moldou os seres humanos diretamente a partir do caos primordial. 

Ele simboliza a força criadora que sustenta o ciclo da vida, do nascimento à morte, sendo lembrado como uma figura que representa a ordem e a fertilidade do universo. 

Mais do que um deus individual, Prajapati encarna o poder criativo que está presente em tudo, a energia que garante a continuidade da existência.


CONCLUSÃO


As narrativas sobre a criação do homem no hinduísmo são múltiplas e complementares, mostrando a complexidade e a profundidade dessa tradição espiritual. 

Seja pela palavra de Brahma, pelo sacrifício de Purusha, pela linhagem de Manu ou pelo poder de Prajapati, todas apontam para uma mesma realidade: a humanidade é parte de um cosmos divinamente ordenado, onde cada ser carrega uma centelha do divino. 

Essa multiplicidade de versões não é contradição, mas sim a expressão da liberdade espiritual hindu, que reconhece diversos caminhos para compreender a origem da vida.

Comentários

  1. Tanto conhecimento que esse povo tem e os brasileiros vivendo um conto de fadas com a teologia que nos foi imposta.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Como o Jan fala, existe um conhecimento enorme e a maioria presa aos ensinamentos impostos pela igreja.

      Excluir

Postar um comentário