Amma e Yurugu: caos e equilíbrio na história Dogon
Do Homem ao Divino é um portal de conhecimento e revelações profundas sobre os grandes mistérios da humanidade. Aqui exploramos deuses ancestrais, mitos que podem ser verdades, livros apócrifos e proibidos, e as possíveis origens divinas ou cósmicas da criação. Do barro ao espírito, da terra as estrelas, mergulhe com a gente em uma jornada que desafia as versões oficiais da história. Se você busca respostas além da Bíblia, além da ciência e além do visível... este é o seu lugar.
Na vastidão espiritual do Antigo Egito, onde deuses assumem formas híbridas e forças cósmicas se entrelaçam com o cotidiano, surge Taweret — uma divindade que, à primeira vista, pode parecer assustadora, mas cuja essência é profundamente acolhedora.
Representada com corpo de hipopótamo, patas de leoa, cauda de crocodilo e seios humanos, Taweret encarna a força bruta da natureza canalizada para proteger a vida.
Seu nome significa “A Grande Fêmea”, e sua missão é clara: proteger mulheres grávidas, crianças e lares.
Diferente dos deuses solares ou guerreiros que habitavam templos monumentais, Taweret era uma presença íntima e doméstica.
Estatuetas suas eram comuns nas casas egípcias, especialmente entre parteiras e mães.
Ela não precisava de sacerdotes nem de rituais grandiosos — bastava sua imagem para afastar os espíritos malignos e garantir uma gestação segura.
Em muitos objetos, ela aparece segurando o símbolo sa — um emblema de proteção — ou um espelho, que representa a introspecção e o poder feminino.
Neste artigo, vamos mergulhar na simbologia, nos mitos e na relevância espiritual de Taweret, revelando como essa deusa se tornou um pilar silencioso da cultura egípcia, sustentando a vida com sua presença feroz e maternal.
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| Imagem de Teweret, a deusa-hipopótamo que protege o nascimento e guarda o ciclo da vida. |
A forma híbrida de Taweret não é aleatória — ela reúne os animais mais temidos do Nilo, mas todos com forte instinto de proteção.
O hipopótamo fêmea, por exemplo, é conhecido por sua ferocidade ao proteger seus filhotes.
As patas de leoa evocam agilidade e poder, enquanto a cauda de crocodilo reforça sua conexão com as águas do Nilo, fonte de vida e mistério.
Essa aparência assustadora tinha uma função apotropaica: afastar o mal.
Os egípcios acreditavam que os espíritos malignos se intimidavam diante de figuras grotescas e poderosas.
Por isso, Taweret era esculpida em amuletos, vasos e objetos rituais, usados por mulheres grávidas para garantir proteção durante a gestação e o parto.
Ao contrário de divindades que exigiam templos e sacerdócio, Taweret era uma deusa do povo.
Seu culto era popular entre camponeses, parteiras e famílias comuns.
Pequenos altares domésticos eram dedicados a ela, e sua imagem era colocada em quartos, cozinhas e áreas de nascimento.
Vasos em forma de Taweret tinham furos nos seios, por onde o leite era passado e depois aplicado nas crianças como símbolo de bênção.
Esse gesto simples revela a profundidade do vínculo entre a deusa e o cotidiano — ela não era distante, mas presente, tangível, protetora.
Taweret era invocada por mulheres que desejavam engravidar ou que enfrentavam dificuldades para conceber.
Sua energia era associada à fertilidade, à abundância e ao ciclo da vida.
Ela não apenas protegia o nascimento, mas também nutria o crescimento, sendo vista como uma força que acompanha a criança desde o ventre até os primeiros anos de vida.
Em um mundo onde a mortalidade infantil era alta, a presença de Taweret oferecia esperança e segurança.
Ela era a guardiã da continuidade, da linhagem, da herança espiritual e biológica.
Embora seu papel principal fosse na proteção da vida, Taweret também aparece em contextos funerários.
Acreditava-se que ela ajudava na travessia das almas pelo Duat, o submundo egípcio.
Em representações astronômicas, ela segura a constelação da Ursa Maior, mantendo-a presa à Estrela do Norte — um gesto simbólico que impede o caos de dominar o cosmos.
Essa dimensão cósmica revela que Taweret não é apenas uma deusa da maternidade, mas também uma sentinela entre mundos, capaz de proteger tanto o nascimento quanto a passagem para o além.
Nos tempos atuais, Taweret ressurgiu em obras como Moon Knight, da Marvel, onde aparece com um tom mais leve e cativante.
Embora estilizada para o entretenimento, sua essência permanece: uma deusa que protege, guia e acolhe.
Esse retorno à cultura pop revela o poder duradouro dos arquétipos egípcios.
Taweret continua a inspirar, lembrando que o feminino pode ser feroz, que o cuidado pode ser selvagem, e que a maternidade é uma força divina.
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| Imagem retrata o culto doméstico a Teweret, deusa associada à maternidade e aos rituais de fertilidade. |
Taweret é mais do que uma figura mitológica — ela é um símbolo eterno da força que nasce do cuidado.
Em sua forma híbrida, ela reúne os instintos mais primitivos da natureza para proteger o que há de mais sagrado: a vida.
Sua presença nos lares egípcios, nos rituais de nascimento e até nas travessias espirituais revela uma divindade que não exige adoração grandiosa, mas oferece proteção silenciosa e constante.
Ela nos ensina que o sagrado não está apenas nos templos, mas também nas cozinhas, nos quartos, nos braços das mães.
Taweret é a lembrança de que o divino pode ser feroz, que o amor pode rugir, e que a maternidade é uma força que molda mundos.
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