Amma e Yurugu: caos e equilíbrio na história Dogon

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Introdução Por que o mundo é como é? Por que a ordem e o caos parecem caminhar lado a lado desde sempre?  Para o povo Dogon , do Mali , essas perguntas não são meras abstrações filosóficas — elas são respondidas por uma história ancestral que atravessa gerações.  No centro dessa narrativa estão duas figuras fundamentais: Amma , o princípio criador, e Yurugu (também chamado de Ogo ), a entidade da incompletude e da desordem.  Longe de serem apenas personagens simbólicos, eles representam forças reais e atuantes na construção e no funcionamento do universo.  A tradição Dogon não apresenta uma visão maniqueísta do mundo.  Em vez disso, oferece uma leitura complexa, onde o desequilíbrio não é um erro, mas uma parte inevitável do processo cósmico.  Este artigo mergulha na história de Amma e Yurugu , explorando suas ações, consequências e o que elas revelam sobre a visão Dogon da existência. Segundo os Dogon , Yurugu vagaria eternamente pelo cosmos em busca...

Taweret — A Poderosa Guardiã da Vida na Mitologia Egípcia

Introdução


Na vastidão espiritual do Antigo Egito, onde deuses assumem formas híbridas e forças cósmicas se entrelaçam com o cotidiano, surge Taweret — uma divindade que, à primeira vista, pode parecer assustadora, mas cuja essência é profundamente acolhedora

Representada com corpo de hipopótamo, patas de leoa, cauda de crocodilo e seios humanos, Taweret encarna a força bruta da natureza canalizada para proteger a vida. 

Seu nome significa “A Grande Fêmea”, e sua missão é clara: proteger mulheres grávidas, crianças e lares.

Diferente dos deuses solares ou guerreiros que habitavam templos monumentais, Taweret era uma presença íntima e doméstica. 

Estatuetas suas eram comuns nas casas egípcias, especialmente entre parteiras e mães. 

Ela não precisava de sacerdotes nem de rituais grandiosos — bastava sua imagem para afastar os espíritos malignos e garantir uma gestação segura. 

Em muitos objetos, ela aparece segurando o símbolo sa — um emblema de proteção — ou um espelho, que representa a introspecção e o poder feminino.

Neste artigo, vamos mergulhar na simbologia, nos mitos e na relevância espiritual de Taweret, revelando como essa deusa se tornou um pilar silencioso da cultura egípcia, sustentando a vida com sua presença feroz e maternal.


Teweret segurando um bebê, símbolo da fertilidade e da proteção materna na mitologia egípcia.
Imagem de Teweret, a deusa-hipopótamo que protege o nascimento e guarda o ciclo da vida.




A aparência que protege: símbolo da força feminina


A forma híbrida de Taweret não é aleatória — ela reúne os animais mais temidos do Nilo, mas todos com forte instinto de proteção. 

O hipopótamo fêmea, por exemplo, é conhecido por sua ferocidade ao proteger seus filhotes. 

As patas de leoa evocam agilidade e poder, enquanto a cauda de crocodilo reforça sua conexão com as águas do Nilo, fonte de vida e mistério.

Essa aparência assustadora tinha uma função apotropaica: afastar o mal. 

Os egípcios acreditavam que os espíritos malignos se intimidavam diante de figuras grotescas e poderosas. 

Por isso, Taweret era esculpida em amuletos, vasos e objetos rituais, usados por mulheres grávidas para garantir proteção durante a gestação e o parto.


Taweret no cotidiano egípcio: a deusa do lar


Ao contrário de divindades que exigiam templos e sacerdócio, Taweret era uma deusa do povo. 

Seu culto era popular entre camponeses, parteiras e famílias comuns. 

Pequenos altares domésticos eram dedicados a ela, e sua imagem era colocada em quartos, cozinhas e áreas de nascimento.

Vasos em forma de Taweret tinham furos nos seios, por onde o leite era passado e depois aplicado nas crianças como símbolo de bênção. 

Esse gesto simples revela a profundidade do vínculo entre a deusa e o cotidiano — ela não era distante, mas presente, tangível, protetora.


Fertilidade e maternidade: o poder de gerar e cuidar


Taweret era invocada por mulheres que desejavam engravidar ou que enfrentavam dificuldades para conceber. 

Sua energia era associada à fertilidade, à abundância e ao ciclo da vida. 

Ela não apenas protegia o nascimento, mas também nutria o crescimento, sendo vista como uma força que acompanha a criança desde o ventre até os primeiros anos de vida.

Em um mundo onde a mortalidade infantil era alta, a presença de Taweret oferecia esperança e segurança. 

Ela era a guardiã da continuidade, da linhagem, da herança espiritual e biológica.


Taweret e o além: entre a vida e a travessia


Embora seu papel principal fosse na proteção da vida, Taweret também aparece em contextos funerários

Acreditava-se que ela ajudava na travessia das almas pelo Duat, o submundo egípcio. 

Em representações astronômicas, ela segura a constelação da Ursa Maior, mantendo-a presa à Estrela do Norte — um gesto simbólico que impede o caos de dominar o cosmos.

Essa dimensão cósmica revela que Taweret não é apenas uma deusa da maternidade, mas também uma sentinela entre mundos, capaz de proteger tanto o nascimento quanto a passagem para o além.


Taweret na cultura moderna: da ancestralidade à ficção


Nos tempos atuais, Taweret ressurgiu em obras como Moon Knight, da Marvel, onde aparece com um tom mais leve e cativante. 

Embora estilizada para o entretenimento, sua essência permanece: uma deusa que protege, guia e acolhe.

Esse retorno à cultura pop revela o poder duradouro dos arquétipos egípcios. 

Taweret continua a inspirar, lembrando que o feminino pode ser feroz, que o cuidado pode ser selvagem, e que a maternidade é uma força divina.


Mulher em oração diante da estátua de Teweret com um vaso ritual, símbolo da fertilidade e proteção familiar no antigo Egito.
Imagem retrata o culto doméstico a Teweret, deusa associada à maternidade e aos rituais de fertilidade.




Conclusão/Reflexão


Taweret é mais do que uma figura mitológica — ela é um símbolo eterno da força que nasce do cuidado. 

Em sua forma híbrida, ela reúne os instintos mais primitivos da natureza para proteger o que há de mais sagrado: a vida

Sua presença nos lares egípcios, nos rituais de nascimento e até nas travessias espirituais revela uma divindade que não exige adoração grandiosa, mas oferece proteção silenciosa e constante.

Ela nos ensina que o sagrado não está apenas nos templos, mas também nas cozinhas, nos quartos, nos braços das mães

Taweret é a lembrança de que o divino pode ser feroz, que o amor pode rugir, e que a maternidade é uma força que molda mundos.

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