INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da HUMANIDADE, diversos povos buscaram compreender a ORIGEM do universo e o surgimento da vida.
Na MITOLOGIA CHINESA, uma das narrativas mais antigas e fascinantes envolve uma entidade primordial conhecida como PANGU.
Diferente das tradições ocidentais que remetem à criação como um ato divino de fora para dentro, os chineses antigos viam o cosmos como um processo cíclico, orgânico, surgido do próprio CAOS PRIMORDIAL.
E é desse caos que PANGU nasce - ou desperta - para moldar o mundo com o próprio corpo.
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Representação imponente de Pangu, o gigante ancestral da mitologia chinesa. Ele aparece sozinho, com corpo robusto, barba longa e coberto de pelos, simbolizando a força primordial da criação. Atrás dele, nuvens densas completam a atmosfera mística, remetendo ao momento em que separou o céu da terra com seu corpo colossal. |
O CAOS COMO UM GRANDE OVO
Segundo a lenda, no início de tudo havia apenas o CAOS, descrito como um imenso vazio informe, semelhante a um gigantesco OVO CÓSMICO.
Esse ovo continha em seu interior todas as forças do YIN e YANG, ainda misturados e em desequilíbrio.
Após milênios nesse estado, uma centelha de consciência emergiu: PANGU, o primeiro ser vivo, gigante, peludo e dotado de uma força incomensurável.
Com seu despertar, ele rompeu o ovo e iniciou a separação das forças que ali habitavam.
O Yang (leve e claro) subiu para formar o CÉU, enquanto o Yin (denso e escuro) desceu para formar a TERRA.
A CONSTRUÇÃO DO UNIVERSO COM O PRÓPRIO CORPO
PANGU percebeu que céu e terra ainda ameaçavam se colidir, então decidiu manter-se entre eles.
Durante dezoito mil anos, ele cresceu continuamente, empurrando o CÉU para cima com a cabeça e pressionando a TERRA com os pés.
Quando finalmente completou sua tarefa e garantiu e estabilidade do mundo, seu corpo cansado sucumbiu - e foi nesse momento que o universo, tal como conhecemos, tomou forma.
Das suas RESPIRAÇÕES surgiram o VENTOS e o TROVÃO.
Sua VOZ se tornou o som do TROVÃO DISTANTE.
Seus OLHOS tornaram-se o SOL e a LUA.
Os MEMBROS viraram as MONTANHAS, seu SANGUE formou os RIOS, e seus CABELOS deram origem as ESTRELAS e GALÁXIAS.
Até mesmo os PARASITAS que viviam em seu corpo deram origem a HUMANIDADE, segundo algumas versões da lenda.
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A imagem retrata o corpo caído de Pangu, o ser primordial da mitologia chinesa, no momento em que sua morte dá origem ao mundo. Ossos começam a se desprender, e seu sangue escorre como rios, simbolizando a transformação da sua essência em elementos naturais. Os olhos brilham com cores distintas - o direito, amarelo como o sol; o esquerdo, reluzente como a luz da lua. a cena representa o instante sagrado em que o universo nasce do corpo de um deus. |
UMA VISÃO CÓSMICA E INTRIGANTE
Diferente de outras COSMOGONIAS, a história de PANGU não envolve guerras celestiais, punições ou castigos.
Ela reflete uma visão do mundo baseada na HARMONIA DOS OPOSTOS, no equilíbrio entre forças complementares e no SACRIFÍCIO natural como parte do ciclo da existência.
O universo não foi criado por imposição, mas por TRANSFORMAÇÃO, a cada elemento da NATUREZA carrega em si parte do corpo de PANGU - o que, para os chineses antigos, reforçava a ideia de que tudo está conectado.
CONCLUSÃO
A história de PANGU é, ao mesmo tempo, poética e simbólica.
Ela nos convida a enxergar o mundo não como algo separado de nós, mas como um GRANDE ORGANISMO VIVO, formado pelas partes de um ser primordial.
Diferente da criação ex nihilo das tradições ocidentais, aqui o universo é fruto de um AUTO- SACRIFÍCIO DIVINO, onde o próprio criador se desfez para dar origem a vida
Um lembrete poderoso de que somos feitos das mesmas estrelas, montanhas e rios - e talvez, como os antigos acreditavam, sejamos partes do CORPO VIVO DO COSMOS.
O tema bate com o que tenho aprendido de algumas teorias sobre a crianção, estão ligados. Quando fala que o próprio criador se desfez para dar origem a vida e outros relatos fala que o criador foi sugado para a criação.
ResponderExcluirVerdade, muitas das histórias tem detalhes que batem.
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